
Poesia, disse um sábio, não é para ser entendida. Repleta de dissonâncias (incompreensões que geram fascinação), a forma de escrita em versos é para ninguém - ou é para todos. Interpretações infinitas e intenções autoriais múltiplas não são novidades para os habituados com esse tipo de leitura. Rimbaud, que escrevia assumindo várias identidades, não queria ser compreendido. Para tal, usava artifícios complexos:
- sua poesia não se apega ao real, ao palpável. Toda graça está em criar situações novas passíveis de serem imaginadas, todavia não podem ser construídas. "Estendi cordas de torre a torre, guirlandas de janela a janela, correntes de ouro de estrela a estrela, e eu danço.". Não existem limites para a imaginação;
- seus versos não se relacionam, ou seja, a ordem pouco importa. A quebra da realidade através da decomposição do "real", por ser tão freqüente, torna-se coerente na incoerência;
- ah, o feio! O feio (poético) tem sua origem na fuga do real - entrada no vazio. Portanto, novamente nota-se a ausência de semelhanças com a realidade. Chegamos ao NADA - falta de compreensão de algo que não existe além dos nossos olhos da imaginação, pois seus limites foram removidos;
- a poesia explosiva de Rimbaud une seres, objetos e sentimentos totalmente heterogêneos. "O rei, de pé, sobre sua barriga.".
Porém, Rimbaud fugiu tanto do real, destruindo o seu mundo de tal forma que, antes que destruisse sua própria poesia, preferiu abandonar o vício da criação. Aos 19 anos, depois de apenas 4 anos de vida literária, muda nossa história e torna-se um dos mais complexos poetas de que já se teve notícias, deixando seguidores, fãs, leitores e alunas de Texto Poético exictadas (entenda-se "entusiasmadas", "com vontade", "ansiosas") em escrever sobre ele, propagando sua poesia explosiva.
Felizes aqueles que lêem Rimbaud e a mim até o fim!
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"A minha superioridade consiste no fato que não tenho coração." Arthur Rimbaud
Rimbaud é o cara li uma temporada no inferno e adorei =)
ResponderExcluiraxo digno
ResponderExcluirlembro de escutar algo sobre esse cara na aula de hist. da arte
Oo
bjones!